sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mais sobre o Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange

O Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange foi criado em 23 de maio de 2001 por meio da Lei nº 10.227, promulgada pelo Congresso Nacional, sendo a primeira Unidade de Conservação (UC) do país a ser criada pelo Poder Legislativo Federal. Seu nome foi escolhido pelo autor do projeto de lei, e homenageia o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que percorreu o Brasil em meados do século XIX, e o biólogo e ambientalista paranaense Roberto Ribas Lange.

Localizado no litoral do Paraná, o Parque está a apenas 100 km da capital do Estado, Curitiba, abrangendo parte dos municípios de Matinhos, onde está instalada a sede administrativa, Guaratuba, Morretes e Paranaguá. Situa-se na porção sul da Serra do Mar paranaense, fazendo divisa com a baía de Guaratuba, com a planície litorânea e com o vale do rio Cubatãozinho, abrangendo regiões que variam de 20 metros sobre o nível do mar até as montanhas do maciço Serra da Prata, com altitudes superiores a 1.400 metros. Faz parte da área-núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e da Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba, protege um dos trechos mais bem conservados de Mata Atlântica no país. Constitui ainda, pela sua posição geográfica e importância ecológica, um elo fundamental na composição do Mosaico dos Ecossistemas Costeiros e Marinhos do Litoral Sul de São Paulo e do Litoral do Paraná (Portaria MMA n° 150/2006) - forma de gestão integrada que visa compatibilizar a gestão da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável em um contexto regionalizado.

A região da Serra da Prata representa um dos últimos refúgios naturais da região, favorecendo a sobrevivência de espécies altamente especializadas, resultando em um alto grau de endemismo e abrigando diversas espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção. A vegetação é composta pela Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica) que é responsável pela manutenção do mricroclima da região, regulando o regime hídrico dos cursos d'água e garantindo a qualidade dos mananciais que abastecem o litoral do Paraná. As companhias de abastecimento de água operantes na região captam cerca de 800 litros de água por segundo em mananciais originados no PARNA Saint-Hilaire/Lange, garantindo o abastecimento dos municípios de Matinhos, Pontal do Paraná e Paranaguá. A cobertura vegetal também evita a ocorrência de deslizamentos nas encostas, reduzindo a erosão e o assoreamento dos rios e das baías do litoral.

Deve-se destacar ainda, os valores histórico-culturais da região que, aliados à biodiversidade e à belíssima paisagem montanhosa, resultam em alto potencial turístico.Alguns locais recebem visitantes desde antes da criação da Unidade de Conservação, como o Salto Parati, em Guaratuba, e a trilha da Torre da Prata, na divisa entre Morretes, Guaratuba e Paranaguá. Como o Parque ainda não tem seu Plano de Manejo, a área ainda não está oficialmente aberta à visitação. Entretanto, para evitar que as comunidades locais, que obtém renda com a atividade turística, sejam prejudicadas, a equipe do Parque, em conjunto com a chefia da APA de Guaratuba e membros dos Conselhos das duas Unidades, vem trabalhando no ordenamento da visitação.

No Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange estão representadas diversas unidades tipológicas da Floresta Atlântica: Floresta Ombrófila Submontana, Floresta Ombrófila Densa Montana e Floresta Ombrófila Densa Altomontana, além dos Refúgios Vegetacionais (Campos de Altitude) e da vegetação secundária encontrada principalmente em regiões de baixa altitude onde as alterações promovidas pelas atividades humanas foram mais frequentes. São encontradas diversas espécies ameaçadas de extinção tais como Palmito Jussara, Canela-preta, Canela-sassafrás, Guassatunga, Xaxim, Guamirim, além de um grande número de epífitas, com destaque para bromélias e orquídeas.

A fauna é igualmente rica, sendo encontrados animais de grande porte como a anta e os porcos do mato e outras, ameaçadas, como a onça pintada, a jaguatirica, o bugio, a jacutinga e o macuco. Percorrendo as trilhas, pode-se observar rastros de veado, paca e outros pequenos animais, além de ouvir a vocalização de aves como o tucano-de-bico-verde, a araponga e o corocochó.

O Parque recebeu recursos para elaboração do Plano de Manejo e já iniciou o processo de definição dos estudos necessários para sua realização. O Plano será desenvolvido por uma consultoria especializada, a ser escolhida por licitação pública, ficando a coordenação do processo à cargo da equipe do PNSHL.

Em 2011, a Unidade de Conservação completará dez anos e a equipe está preparando uma série de eventos e atividades para divulgar a importância da área. Quem tiver sugestões pode entrar em contato com a equipe pelo e-mail: parnashl.pr@icmbio.gov.br

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