segunda-feira, 10 de maio de 2010

Estrada do Parati: técnicos e comunidade buscam soluções em conjunto para manutenção da estrada

A forte chuva que caiu na noite de quarta feira deixou a equipe do Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange preocupada com as condições em que teriam que realizar a atividade programada para o dia seguinte. Afinal, diversas instiuições haviam sido convidadas para participar da visita técnica na Estrada do Parati, cujo objetivo era encontrar uma solução conjunta para as questões que envolvem a manutenção do caminho.

Mas o dia amanheceu sem chuvas e com o clima perfeito para uma caminhada de pouco mais de cinco quilômetros entre a Colônia Cambará, em Matinhos e a Comunidade do Parati, em Guaratuba. Participaram da vistoria a equipe do Parque Nacional, a chefe da APA de Guaratuba, dois técnicos do DER, representantes das Secretarias de Meio Ambiente de Matinhos e Guaratuba, uma engenheira florestal do escritório do IAP em Guaratuba, um técnico da EMATER, um representante do Conselho Consultivo do PNSHL e dois membros da Associação dos Moradores e Amigos do Parati (AMAP).

A estrada, construída há cerca de um século, está hoje inserida em duas Unidades de Conservação: a Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, criada pelo governo estadual em 1992, e o Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange, criado por lei federal em 2001. As atividades de manutenção estão suspensas desde 1999 por determinação judicial, devido à realização de obras sem autorização de órgãos ambientais.

Nos últimos onze anos, além do desgaste ocasionado pelo uso e pelas chuvas, outros eventos agravaram as más condições do caminho, como o resgate das vítimas e destroços do acidente aéreo ocorrido em 2003, quando faleceu o deputado José Carlos Martinez. Na época, os veículos pesados utilizados na operação provocaram graves danos à estrada, aumentando a erosão e criando atoleiros. Esta situação, aliada ao impedimento de realização de obras de recuperação, atraiu "jipeiros" e "motoqueiros", que passaram a utilizar a região para atividades off-road levando à formação de enormes buracos em diversos pontos da estrada. Membros da comunidade do Parati se reuniram e, sem o uso de máquinas, têm realizado pequenas intervenções para que o acesso não seja totalmente interrompido.










Se, por um lado, as péssimas condições da estrada dificultam o acesso dos moradores do Parati aos serviços de saúde e educação, por outro facilitam a ação daqueles que praticam crimes ambientais como a caça e a extração ilegal de palmito pois os órgãos de fiscalização não têm condições de realizar vistorias frequentes e, quando são chamados, não conseguem chegar rapidamente ao local.

A caminhada realizada no dia 06 de maio permitiu aos técnicos dos diversos órgãos avaliarem as condições da estrada e o tipo de intervenção necessário. "Não existe uma solução única para toda a estrada, ela percorre diferentes tipos de terreno, desde solo alagado ao nível do mar até trechos de serra com alta declividade e solo pedregoso. Assim, existem diferentes problemas e cada um requer uma solução técnica específica", concluiu Rogério Florenzano Júnior, chefe do Parque Nacional.

Ao final do percurso, o grupo almoçou no restaurante do Sr. Antonio e dona Aurora e se reuniu com alguns moradores da Comunidade do Parati para explicar o que é necessário para recuperação da estrada. Conforme decisão judicial, qualquer obra ou atividade deverá ser precedida de estudo de impacto ambiental. Esse estudo, juntamente com a descrição das obras, será analisado pelo IAP e pelo PNSHL dentro de um processo de licenciamento ambiental. Como a estrada está sob a responsabilidade de dois municípios, é indicado que as Prefeituras atuem em conjunto na busca de parcerias para elaboração do projeto e dos estudos ambientais, de maneira a agilizar o processo e garantir sua uniformidade.

Todas as instituições envolvidas são unânimes em afirmar a importância da estrada nas atividades diárias dos moradores e também para o desenvolvimento do ecoturismo na região, assunto que vem sendo discutido tanto no Conselho Gestor da APA de Guaratuba como no Conselho Consultivo do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange.

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